sábado, 27 de abril de 2013

O lobo e o cordeiro

O lobo e o cordeiro - 1ª versão

Fábula de Esopo
Recontada por: Maria Alice Mendes de Oliveira Armelin

Sob o sol escaldante do verão, um lobo caminhava à procura de água para refrescar-se. Ao ouvir o suave burburinho de água correndo, apressou o passo e chegou à beira de um riacho cristalino. Quando encostou o focinho na água para matar a sede, um ruído chamou sua atenção. Alerta, o lobo ergueu a cabeça e avistou, logo adiante, um cordeirinho, um cordeirinho, bebendo tranquilamente.

Imediatamente, pensou que aquele era seu dia de sorte, pois, além de matar a sede, teria uma bela refeição.

Então, procurou dar um tom bem grave e sério à voz e chamou o pobre animalzinho:

- Ei, cordeiro, o que faz aí?
- O senhor falou comigo? - indagou o inocente cordeirinho. - O que quer?
- O que quero?! Ora, nunca lhe ensinaram bons modos, seu malcriado? Não vê que está sujando a minha água?
- Desculpe-me, senhor Lobo, mas coimo pode dizer isso? Veja como bebo cuidadosamente! Mal toco a água com a ponta da língua! Além disso, eu estou mais abaixo, e o senhor mais acima... Se a água corre do seu lado para o meu, como poderia sujá-la - respondeu o cordeirinho num fio de voz.
- Vejo que é atrevido! Tão jovem e já querendo ensinar os mais velhos!
- Não se trata disso, Senhor Lobo... Só queria que percebesse...
- Eu não quero perceber nada! Pensa que vai me enganar e escapar como fez no ano passado, quando andava por aí falando mal de todos os membros de minha família? Sorte sua não termos nos encontrado antes ou você não estaria aqui para contar histórias!
- Não sei quem lhe contou isso, senhor Lobo, mas é mentira, pois eu sou muito jovem, nasci no começo deste ano!

Vendo-se sem mais argumentos, o lobo rosnou:
- Ah, bem, mas se não foi você, foi o seu pai!

E, sem mais conversa, devorou o inocente cordeirinho.

Moral da história: Contra a força não há argumentos.

FIM

O lobo e o cordeiro - 2ª versão

Fábula de La Fontaine
Recontada por Maria Alice de Oliveira Armelin

Quando a razão não convence,

A força de torna razão
E sem querer ouvir não
O forte ao mais fraco vence

Assim se deu certo dia,
Quando um tenro cordeirinho,
Feliz, bebia tranquilo
Num riacho cristalino.

Eis que chega um feroz lobo
À margem do tal riacho
E vendo o pobre a beber,
Pensou como seria bom
Matar a sede e comer.

E sem demora ergueu a voz,
Surpreendendo o coitado:
"Por que turvas minha água?
Quem te fez assim ousado
Pra te indispores comigo?
Tua temeridade merece castigo!"

E o cordeirinho com humildade
Contestou o lobo num aparte:
"Se estou vinte passos abaixo
E a água corre para cá,
Perdão, então como posso
A vossa água sujar?"

"Mas sujas", disse o malvado.
"E até pior: me contaram
Que falaste mal de mim
Durante o ano passado!"

"Eu, senhor?" Não pode ter sido
No ano passado, nem era nascido!"
"Então foi teu irmão, teu pai
Ou qualquer outro parente!"
Retrucou o lobo impaciente.

E antes que o outro replicasse,
O lobo resolveu o impasse:
Saltou ágil e num golpe só
Abateu o cordeiro e devorou-o sem dó!

FIM

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